terça-feira, 29 de setembro de 2009

Novo ENEM

Camila de Magalhães

Mais de 4,5 milhões de jovens de 1.829 municípios brasileiros estarão distribuídos em 114 mil salas de aula no próximo sábado e domingo (3 e 4 de outubro). O motivo é a aplicação das provas do novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A avaliação passou por mudanças, em 2009, que têm tirado o sono de estudantes e professores por ser novo, imprevisível e cercado da expectativa de substituir total ou parcialmente o tradicional vestibular das instituições de ensino superior. Este ano, já houve a adesão de 45 universidades públicas e de mais de 500 particulares. É o caso das cobiçadas Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A Universidade de Brasília (UnB) optou por só adotar o exame nacional a partir de 2011. O Ministério da Educação espera que, até 2012, todas as 53 universidades federais utilizem o Enem para selecionar seus novos universitários. A preocupação com o novo modelo da avaliação, segundo o professor de português Ênio César de Moraes Fontes, do Colégio Dínatos-COC, revela a fragilidade de um ensino médio que não prepara o estudante para a vida, mas sim para provas. A concepção atual do Enem tem como objetivo cobrar mais as competências e habilidades dos alunos do que o conteúdo clássico do ensino médio. “É um desafio ao qual a maioria dos professores brasileiros não está habituada e, boa parte deles, sequer está preparada para isso”, resume o professor aposentado do Centro de Ensino Médio Setor Oeste Júlio Gregório. O professor de história Robson Arrais, do curso Sentido, espera que o Enem atinja sua meta de democratizar o acesso às universidades públicas. “Mas para a prova ficar de qualidade, eles vão ter que aperfeiçoá-la ano a ano, como fez a Universidade de Brasília com o Programa de Avaliação Seriada (PAS) e como vem fazendo com o vestibular tradicional”, pondera. Arrais avaliou o simulado divulgado na internet pelo MEC, em 29 de julho, e diz ter gostado do modelo. Segundo ele, houve cuidado na elaboração das provas. Ele destaca como pontos fortes a diagramação e a interdisciplinaridade das perguntas, atributo valorizado nas avaliações atuais. O diretor de Avaliação da Educação Básica do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Heliton Ribeiro Tavares, frisa que a principal diferença deste Enem em relação às 11 edições anteriores será a abordagem do conteúdo, com cobrança sobretudo do conteúdo formal ensinado ao longo do ensino médio, em vez de concentrar em questões de interpretação. “Uma deficiência do antigo modelo aplicado no Enem era a abordagem defasada da área de ciências”, exemplifica. “Agora, queremos tornar o exame mais próximo das aulas”, completa.