terça-feira, 31 de março de 2009

PAS 2009

Novas cobranças no PASPRISCILLA BORGES DA EQUIPE DO CORREIO
Iano Andrade/C/D.

Durante quase um ano, educadores interessados nos debates postaram sugestões em um blog da Gerência de Interação Educacional do Cespe, se encontraram periodicamente e definiram quais serão as obras sugeridas para auxiliar as escolas na construção das competências e habilidades consideradas essenciais para cada ano do ensino médio. No mês de outubro, mais uma revisão da Matriz de Objetos de Avaliação do PAS foi concluída. Isso significa que novas obras — sejam elas literárias científicas, filosóficas, sociológicas, musicais, artísticas — foram definidas para a 1ª etapa do Subprograma 2009. Em um processo democrático, professores de diversas escolas definiram junto com os docentes da UnB o que será avaliado nas provas do PAS que ocorrerão no ano que vem. Os professores decidiram privilegiar durante a seleção dos livros, a partir de agora, aqueles que são de domínio público. Com a medida, os estudantes poderão fazer download dessas obras em sites públicos e não pagarão nada por elas. Os colégios também podem imprimir os livros e distribuir aos estudantes que não possuem acesso à internet. Os que preferirem podem ler os textos no computador. Apenas um dos livros escolhidos para o subprograma 2009 — Almanaque Brasil Socioambiental 2008 — não está nessa condição. Ele custa R$ 38, mas a idéia é que ele seja utilizado nas três séries a partir do ano que vem. “Primeiro, os estudantes de escola pública conquistaram a gratuidade das inscrições. Agora, essa medida é uma nova conquista para a maioria, que possui um poder aquisitivo pequeno e uma obra de R$ 25 pesa no orçamento.Acreditamos que os alunos se sentirão ainda mais estimulados a participar”, analisa Sônia Cotrim, professora de língua portuguesa do Centro de Ensino Médio 2 de Ceilândia. Os alunos da escola aprovaram a decisão dos professores. Para eles, ficará mais fácil ler as obras. Layssa Carolyne Amaral Viana, 14, Layza Chrystiane Seabra de Almeida, 15, Jonatas Ramon, 16, e Daniel Rodrigues, 15, dependem da disponibilidade dos livros na biblioteca da escola ou do empréstimo dos colegas para lerem todas as obras indicadas. Poucas vezes eles compram alguma delas. “Não comprei nenhum. Pego os livros emprestados com uma vizinha ou nas bibliotecas”, admite Layssa. Ednéia Guimarães, 41, aluna da 2ª etapa no turno da noite, já utiliza o portal Domínio Público, que possui diversos livros disponíveis para download gratuito. Porém, como não há todos os títulos exigidos no site, também depende do auxílio da biblioteca. Com a novidade, os alunos acreditam que ninguém deixará de fazer as leituras recomendadas. "É importante porque nem todo mundo tem condições de comprar os livros”, analisa Layza. Para os estudantes, a prática de recomendar obras para leitura, feita pelo PAS, facilita a rotina de estudos. “A gente não precisa tentar adivinhar o que querem que a gente saiba. E podemos nos focar no que realmente interessa”, opina Daniel. Sônia e os colegas Edivaldo Monte, professor de filosofia e sociologia, e Dora Sampaio, professora de sociologia, admitem que a abordagem dos conhecimentos no PAS forçou os professores a mudar de postura. A necessidade de trabalhar de forma interdisciplinar abriu o diálogo entre os educadores e os fez voltar a estudar. “Acabou aquela idéia de que só o professor de literatura tinha que trabalhar uma obra com os alunos. Percebemos que outras disciplinas podem contribuir para o processo”, destaca Edivaldo.
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